Cidades brasileiras registram protestos e paralisações em serviços públicos na manhã desta sexta-feira (14). Trabalhadores cruzaram os braços contra os cortes do governo na educação e a reforma da Previdência. Por volta de 9h50, ao menos 24 estados e o DF tinham sido afetados.
No início da manhã, os efeitos da paralisação eram sentidos nas grandes cidades principalmente no transporte público e com o fechamento de vias. Somente parte das linhas de ônibus, trem ou metrô funcionavam em capitais como São Paulo, João Pessoa, Curitiba, Maceió e Salvador. No Rio, protestos bloquearam vias da cidade. (veja detalhes por estado abaixo)
Resumo
- No Rio e em São Paulo, a polícia usou bombas de gás para dispersar protestos que bloqueavam vias — na capital paulista, os policiais agiram após manifestantes atearem fogo em um carro; em Campina Grande (PB), um policial deu um tapa no rosto de um manifestante que barrava a entrada de funcionários em empresa
- Em SP, somente algumas linhas do metrô paralisaram, mas ônibus e trem circulavam normalmente; no Rio, o transporte público não foi afetado
- Em Salvador, ônibus foram atacados por pedras; em Belo Horizonte, uma mulher foi internada em estado grave após inalar fumaça de protesto e ter parada cardiorrespiratória
- Escolas e universidades amanheceram fechadas em locais como Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Sergipe, Distrito Federal, Minas Gerais e Pará
- Até 10h, 84 cidades de 21 estados tinham registrado protesto
- Até 10h, 63 cidades haviam registrado paralisação de serviços em 21 estados e no DF
Veja como foi em cada estado
São Paulo
Na capital paulista, quatro linhas do metrô tinham operação parcial por volta de 6h. A circulação de ônibus e trens ocorria normalmente. Houve bloqueio com protesto na Avenida do Estado, que liga São Paulo às cidades do ABC Paulista, em Santo André. Também houve um bloqueio com carro incendiado na Zona Oeste da capital, e policiais reagiram com bombas de efeito moral.
Em Santos, no litoral, manifestantes bloquearam a entrada da cidadee saíram em caminhada pelo Centro. Em Sorocaba, no interior, motoristas paralisaram e, no início da manhã, nenhum dos 352 ônibus saiu das garagens das empresas que operam o transporte público na cidade.
No Vale do Paraíba, o transporte público operava parcialmente no início da manhã em São José dos Campos e Jacareí. Em Taubaté, o transporte ficou paralisado. Houve bloqueio de via com fogo ateado em pneus na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro, em Tremembé. Centrais sindicais também realizaram atos próximo a empresas em São José dos Campos, Jacareí, Taubaté e Pindamonhangaba.
Rio de Janeiro
No Rio, o transporte público — ônibus, trens, metrô e barcas — funcionava normalmente no início da manhã. No entanto, ao menos quatro pontos da cidade foram tomados por protestos e algumas das principais vias foram parcialmente fechadas. Às 7h40, um princípio de tumulto começou perto da Rodoviária Novo Rio, e a PM usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, que recuou.
Uma das vias que teve bloqueio é a Avenida Brasil, uma das mais importantes da capital. Às 9h45, não havia atos nas ruas da cidade, e o trânsito estava mais livre que a média registrada às sextas-feiras. A PM informou que intensificou o policiamento nas vias expressas. Bancos aderiram parcialmente à greve.
Em Niterói, houve relato de atropelamento a duas pessoas durante protesto. Em Campos, no Norte Fluminense, um ato bloqueava os dois sentidos da BR-101, no Km 76, por volta das 5h30.
Distrito Federal
No Distrito Federal, a paralisação afetou o funcionamento dos ônibus e do BRT. Ônibus de várias regiões pararam de circular desde as 5h, e a Rodoviária do Plano Piloto, principal terminal da capital, tinha plataformas vazias. Escolas públicas e a Universidade de Brasília também ficaram sem aula. A Força Nacional reforçou a segurança no DF.
Em Salvador, ônibus e trens não circulavam no início da manhã, mas o metrô seguia funcionando. Homens da Força Nacional entraram na plataforma do metrô para garantir a circulação de trens. Manifestantes fecharam vias da cidade em protestos, e um coletivo chegou a ser atacado por pedras.
Minas Gerais
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, protestos afetavam a circulação do metrô e o trânsito. Estações de metrô amanheceram fechadas. Também houve protesto nas seguintes rodovias: MG-010, na capital; na Fernão Dias, em Betim; na BR-040, em Congonhas; na MG-129, em Mariana; e na BR-356, em Ouro Preto.
Na região da Pampulha, na capital mineira, uma mulher de 53 anos foi levada para o hospital após inalar fumaça de fogo em pneus em um protesto e ter uma parada cardiorrespiratória.
Em Uberlândia, parte das escolas municipais e estaduais, além da universidade federal (UFU), ficaram sem aula. Em Juiz de Fora, também houve adesão à paralisação em parte das escolas da rede estadual e na universidade federal (UFJF).
Em Curitiba, ônibus bloqueavam algumas ruas por volta de 6h30. As garagens de algumas empresas de transporte coletivo ficaram fechadas. Em Londrina e em Maringá, na região norte do Paraná, ônibus também pararam.
Santa Catarina
Em Florianópolis, o trânsito ficou comprometido com pontos bloqueados por barricadas e fogo. Até as 6h, Florianópolis e Blumenau estavam com os serviços de transporte público interrompidos.
Rio Grande do Norte
Em Natal, no início da manhã, a saída de uma garagem de ônibus ficou bloqueada, e os coletivos não saíam. Somente por volta das 7h os ônibus começaram a deixar as garagens.
Rio Grande do Sul
Os ônibus funcionavam parcialmente em cidades do Rio Grande do Sulno início da manhã. Os trens, no entanto, amanheceram paralisados na Região Metropolitana de Porto Alegre — manifestantes obstruíram trechos dos trilhos. Na capital gaúcha, as garagens da empresa Presidente Vargas e Gasômetro ficaram bloqueadas até as 6h30, mas em seguida as linhas de transporte coletivo passaram a operar. Também houve manifestantes na garagem da principal empresa de transporte de passageiros de Rio Grande.
Parte das escolas e das universidades do estado suspenderam as aulas nesta sexta.
Alagoas
Em Maceió, rodoviários atrasaram em 2 horas a saída dos ônibus, mas acataram a decisão judicial de manter 70% da frota funcionando.
Paraíba
Em João Pessoa, protestos bloqueavam vias e garagens de ônibus no início da manhã. Em Campina Grande, funcionários de uma empresa de telemarketing foram impedidos de entrar.
Sergipe
Em Sergipe, trabalhadores de várias categorias decidiram paralisar e manifestantes se concentraram em algumas garagens do transporte coletivo de Aracaju. Um dos manifestantes que bloqueavam a entrada do local levou um tapa no rosto dado por um policial militar.
Maranhão
Em São Luís, rodoviários do transporte coletivo paralisaram as atividades desde as 4h. Integrantes de sindicatos foram às portas das garagens das empresas para impedir a saída dos ônibus.
Goiás
Em Goiás, um grupo de manifestantes se reuniu ainda na madrugada em frente à garagem da Metrobus, de onde saem os ônibus do Eixo Anhanguera. Segundo a empresa que administra o transporte coletivo na Grande Goiânia, o ato gerou atraso na saída dos veículos. Ao menos três escolas, sendo uma estadual e uma municipal, amanheceram fechadas.
Pará
Em Belém, integrantes de sindicatos e movimentos sociais atearam fogo em pneus e bloquearam a avenida Almirante Barroso, na área do entroncamento. Rodoviários também não permitiram que os ônibus saíssem das garagens, apesar de uma decisão judicial ter imposto que ao menos 90% dos veículos circulassem em caso de paralisação.
Tocantins
Em Palmas, não houve interrupção do transporte público. Na Universidade Federal de Tocantins (UFT), portões foram fechados e houve protesto. Segundo a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), apenas uma escola em Dianópolis, sudeste do estado, aderiu à paralisação nacional.
A capital sul-mato-grossense, Campo Grande, amanheceu sem transporte coletivo. Terminais e pontos de ônibus ficaram praticamente vazios. Segundo o consórcio responsável pelo transporte coletivo da cidade, nenhum ônibus saiu das garagens. A circulação dos coletivos começou por volta de 7h30.
Em Teresina, há paralisação no transporte público e greve na rede estadual de ensino. Manifestantes protestavam desde as 8h Praça da Bandeira e diante do Palácio de Karnak.
Pernambuco
Em Pernambuco, há bloqueios nas estradas do estado, incluindo ao menos três pontos da Grande Recife, paralisação em linhas de ônibus e suspensão de aulas em universidades federais e privadas. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) Recife, as linhas do metrô funcionam em horários especiais exclusivamente nesta sexta (14): as linhas Centro e Sul operam das 5h às 9h e das 16h às 20h, horários de pico do sistema. A Linha Diesel (VLT) não terá operação.
Mato Grosso
Em Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana da capital, as paralisações afetaram parcialmente transporte, aulas e serviços.
No Acre, um grupo de estudantes e sindicalistas fechou um trecho da BR-364, impedindo a passagem de ônibus do transporte coletivo e de mercadorias nas primeiras horas do dia. O ato se concentrou em frente a uma das garagens de ônibus de Rio Branco.
Amazonas
Em Manaus, alunos e professores fecharam parcialmente a entrada da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para um protesto que iniciou às 8h30, o que afetou o trânsito na Zona Sul da cidade. No Centro Histórico de Manaus, bancários se reuniram às 7h na Praça da Polícia. trabalhadores de refinarias da Petrobras também se juntaram aos atos.
Em Macapá, professores, técnicos e um grupo de estudantes da universidade federal (Unifap) fizeram ato a partir das 9h. As aulas na instituição foram suspensas, segundo o sindicato dos docentes.
Fonte: G1